Após o presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar que aceitou pedido de impeachment hoje, a
presidente Dilma Rousseff negou “atos ilícitos” em sua gestão e afirmou que
recebeu com “indignação” a decisão do peemedebista. A declaração ocorreu em
meio a um pronunciamento no Salão Leste do Palácio do Planalto, que durou cerca
de três minutos.
“Hoje
[quarta] eu recebi com indignação a decisão do senhor presidente da Câmara dos
Deputados de processar pedido de impeachment contra mandato democraticamente
conferido a mim pelo povo brasileiro”, disse Dilma, em pronunciamento no
Palácio do Planalto.
“São
inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido. Não
existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma
suspeita de desvio de dinheiro público”, acrescentou.
Dilma
fez o pronunciamento acompanhada de 11 ministros de sete partidos: Jaques
Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), José Eduardo
Cardozo (Justiça), Gilberto Occhi (Integração Nacional), Luís Inácio Adams
(Advocacia-Geral da União), Aldo Rebelo (Defesa), Armando Monteiro Neto
(Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), André Figueiredo
(Comunicações), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Henrique Eduardo Alves
(Turismo) e Gilberto Kassab (Cidades).
Confira a íntegra do pronunciamento:
Bom,
boa noite a todos. Eu dirijo, agora, uma palavra de esclarecimento a todas as
brasileiras e a todos os brasileiros.
No
dia de hoje, vocês viram, foi aprovado pelo Congresso Nacional o Projeto de Lei
que atualiza a meta fiscal, permitindo a continuidade dos serviços públicos
fundamentais para todos os brasileiros.
Ainda
hoje, eu recebi com indignação a decisão do senhor presidente da Câmara dos
Deputados de processar pedido de impeachment contra mandato democraticamente
conferido a mim pelo povo brasileiro. São inconsistentes e improcedentes as
razões que fundamentam este pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por
mim. Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público. Não
possuo conta no exterior, nem ocultei do conhecimento público a existência de
bens pessoais. Nunca coagi ou tentei coagir instituições ou pessoas, na busca
de satisfazer meus interesses. Meu passado e meu presente atestam a minha
idoneidade e meu inquestionável compromisso com as leis e a coisa pública.
Nos
últimos tempos, em especial nos últimos dias, a imprensa noticiou que haveria
interesse na barganha dos votos de membros da base governista no Conselho de
Ética da Câmara dos Deputados. Em troca, haveria o arquivamento dos pedidos de
impeachment. Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de
barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das
instituições democráticas do meu País, bloqueiam a Justiça
ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública.
Tenho
convicção e absoluta tranquilidade quanto à improcedência desse pedido, bem
como quanto ao seu justo arquivamento. Não podemos deixar as conveniências e os
interesses indefensáveis abalarem a democracia e a estabilidade de nosso País.
Devemos ter tranquilidade e confiar nas nossas instituições e no Estado
Democrático de Direito.
Obrigada
a todos vocês e muito boa noite.
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